Localizado na Zona da Mata Mineira, o município de Lamim está a 160 Km de Belo Horizonte. Seu território é cortado pelo rio Piranga e pelo ribeirão do Lamim, afluentes da bacia do Rio Doce. Sua posição geográfica, situada numa área fronteiriça entre três regiões de Minas: Mata, Central e Campo das Vertentes, como podemos observar, faz com que o município receba influência das principais cidades de cada região.
Essa ligação de Lamim com centros urbanos localizados “fora” da Zona da Mata tem suas origens no século XVIII e XIX. Desde a criação do distrito, em 1768, até 1790, Lamim fazia parte do termo de São José Del Rei; à partir dessa data, o distrito se vinculou ao termo de Queluz, sendo ambos os termos pertencentes à Comarca do Rio das Mortes.
Em 1831, o termo da Vila de Queluz e seus distritos passaram a pertencer à Comarca de Ouro Preto. Em 1872, foi criada a Comarca de Queluz, ficando a Freguesia do Lamim submetida à sua influência. Da mesma maneira que muitos outros municípios mineiros, Lamim também surgiu durante o período em que a mineração era o centro da economia.
A busca por riquezas minerais trouxe até a região, que daria lugar ao território laminense, três portugueses que iniciaram o processo de ocupação e exploração. Pedro José da Rosa, Francisco Souza Rego e José Pires Lamim eram naturais da Ilha de São Miguel, localizada no arquipélago dos Açores. No dia 31 de Maio de 1710, partiram do Arraial de Itaverava com o propósito de chegar até o Rio Piranga e explorar as terras da outra margem. Se instalando no local onde hoje se encontra a sede do município, os portugueses conseguiram estabelecer relações de amizade com os nativos indígenas do lugar, tanto que Pedro José acabou se casando com a filha de um chefe indígena.
Francisco Souza Rego era casado em Portugal e , passados alguns anos, já instalado no lugar, mandou trazer sua esposa. José Pires Lamim se manteve solteiro, vindo a falecer ainda moço, em torno de 25 anos. Em homenagem ao amigo, Souza Rego deu o nome de Lamim à sua fazenda e ao ribeirão que cortava suas terras, para imortalizar a memória de seu companheiro. Somente após dez anos é que os primeiros exploradores conseguiram encontrar ouro em suas terras. O prof. Duarte relata o acontecimento, protagonizado por Souza Rego, que se tornou um fazendeiro rico e influente:
“Acontecendo que n’uma manhã lhe faltasse a água em consequencia da grande torrente, occasionada por uma tempestade de chuva que desbarrancou parte da banqueta do rêgo, e indo elle mesmo ver a cauza; vio felizmente o ouro em quantidade; ficando surprehendido com o feliz sucesso; e logo tratou de apanhar o que pode e depois continuou a lavrar o terreno, ajuntando uma bôa porção de ouro.”
A notícia da descoberta de ouro nos terrenos de Souza Rego chegou logo a seus vizinhos, que trataram logo de explorarem o metal em diversos pontos. Após quarenta anos de ocupação, o arraial já era povoado, concentrando-se no entorno da fazenda de Souza Rego, com algum comércio e trânsito.
No ano de 1760, liderados por Francisco de Souza Rego, os habitantes do Ribeirão do Lamim e vizinhanças, requereram junto ao bispo de Mariana a licença para construir uma capela invocada ao Divino Espírito Santo, santo de devoção do português.
A autorização foi concedida em 2 de Julho de 1760. Por determinação de Souza Rego, a capela foi construída no local onde fora enterrado José Pires Lamim, no centro do arraial, sendo concluída em 1761. Em 1768, através de decreto assinado pelo governador da capitania de Minas, Lamim passou a condição de distrito, tendo como linhas limítrofes os distritos de Capela Nova, Catas Altas da Noruega e Itaverava.
Dividia águas com os distritos de Espera e Nossa Senhora de Oliveira, e pelo Rio Piranga abaixo ia até Sete Cachoeiras. O distrito do Lamim foi subordinado à Vila de São José Del Rei até o ano de 1790, ano em que foi criada a Vila de Queluz, da qual passou a fazer parte.
Lamim foi elevado à categoria de Freguesia no ano de 1859, vinculado ao município de Queluz. Assim permaneceu até o ano de 1938, passando a ser distrito do novo município de Rio Espera. Pela Lei Estadual nº 2764, de 30/12/62, foi elevado à categoria de município, instalado em 01/03/1963. (Texto: L.F. Veloso Nogueira)
Lamim e o Turismo
Lamim é um lugar onde seu casario retrata um período mágico de sua colonização. A cidade é um desses locais de Minas Gerais onde fé, culinária e a história marcam o tempo, despertam curiosidades e atraem visitantes. Fundado por portugueses em 1710, o município mantém vivas tradições vindas da região dos Açores. A festa do Divino Espírito Santo e as demais manifestações religiosas são marcas dessa cultura de origem portuguesa.
Fazendas setecentistas imponentes, nascidas durante o ciclo do Ouro, são vistas nos quatro cantos do município. A comida é outro grande atrativo desse município fincado no Vale do Piranga e vizinha as cidades de Ouro Preto, Mariana e Congonhas. Quitandas, doces e demais iguarias são facilmente encontradas nos restaurantes e padarias da cidade. Seu povo, como manda a tradição mineira, é extremamente acolhedor. Ao visitar Lamim o turista vai receber um abraço amigo, o aperto de mão sincero e ter a sensação de chegar em sua própria casa.